Cartas do Comando Vermelho na Ilha Grande

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Cartas do Comando Vermelho na Ilha Gran

Estas cartas foram interceptadas por guardas penitenciários que trabalhavam no Instituto Penal Cândido Mendes. Elas eram enviadas do CCRI, Clube Cultural e Recreativo dos Internos, localizado no Instituto Penal Cândido Mendes, para vários locais do Rio de Janeiro. O CCRI funcionou nas décadas de 1980 e 1990. Algumas destas cartas estão em exposição no Museu do Cárcere, localizado na Vila Dois Rios, Ilha Grande, no local dos escombros da antiga penitenciária.

As cartas aqui apresentadas são, em sua grande maioria, de 1990 e 1991. Elas são bastante formais e começam com uma saudação ao "Amigo Irmão CV". Os membros do Comando Vermelho se cumprimentavam como sendo participantes de uma grande família. Não são raros os votos para que Deus proteja e ilumine os caminhos dos irmãos. As cartas são endereçadas a membros do CV fora das prisões e nelas há pedidos diversos para as festas do Dia das Mães, do Dia dos Pais e do Natal, bem como agradecimentos pelos "fortalecimentos" recebidos. Algumas cartas credenciam aquele que será o portador do que está sendo solicitado.

Podemos observar pelas cartas que o coletivo da Ilha Grande mantinha contato com outras prisões e com lideranças criminosas de várias regiões: Mangueira, Nova Holanda, São Clemente, Parque União, Cantagalo, Jacaré, Borel, Cidade Alta, Manguinhos, Morro Tuití, Morro do Gambá, Camará, Guadalupe, Cruzada e Marechal Hermes, entre outras. A palavra "crime" raramente aparece nas cartas. Em 16 de outubro de 1990, contudo, o coletivo apresenta solidariedade pelo que aconteceu ao amigo irmão CV China, acrescentando que "somos conscientes de que esta é a vida do crime, e que nestas horas temos que ser fortes."

No final das cartas, há sempre os mesmos dizeres: "Família Unida Jamais Será Vencida O Mal Jamais Vencerá o Bem Paz. Justiça. Liberdade. Comando Vermelho"